Dia desses, me perguntaram qual a fase mais difícil que passei desde que a batalha começou, após refletir um pouco (na verdade, acho que nosso cérebro deleta algumas coisas ruins como defesa mesmo), respondi que foi a fase onde eu não podia tomar banho.
Gente, ficar sem tomar banho para mim é uma coisa... insuportável!
E fiquei mais de um mês sem tomar banhos, claro que havia o banho "tcheco", da cintura para baixo, e na parte de cima, lenços e panos umedecidos, ainda bem que era inverno rsrs.
Depois de um mês e pouco pude tomar banho mas aí tinha que proteger o seio esquerdo com aquele plástico que usamos para alimentos e fita adesiva, nossa... era duro viu. Sem contar que o braço ainda não funcionava 100%.
Ainda bem que a gente não lembra disso sempre.
Depois de dois meses e pouco, quando contei que fui liberada dos curativos no hospital, pude tomar banho. E esse banho foi cheio de medo, alegrias, e muita satisfação! Tive medo, pois o corte ainda estava aberto e conforme a água caía no "buraco" eu sentia tudo.
Aquela sensação da água batendo no seu rosto à vontade, sentir a água batendo na sua cabeça... que maravilha! Até hoje quando tomo banho agradeço por poder fazê-lo.
Lembro que a enfermeira que me ensinou o que fazer em casa disse:
_ Olha, se você não tiver coragem de fazer o curativo, coloca a pomada direto na gaze e coloca no seio, não precisa por a mão!
Na hora pensei, tá louca ela, claro que eu ponho a mão. O corte é meu, sou capaz disso.
Depois do primeiro banho livre de todos curativos, olhei no espelho o corte, e entendi a preocupação dela. Respirei fundo e fiz o curativo, passei a pomada com a minha mão, afinal eu tinha que contar comigo mesmo. E sempre tive essa postura, seja o que for, vamos encarar de frente!
Os dias se passavam e cada dia eu ficava olhando para ele, o buraco, que ora parecia se fechar, ora parecia se abrir. Observava, cada nova membrana amarelada que se formava, o que era um bom sinal. E assim, passados alguns dias ele foi se fechando, fechando, hoje posso dizer que se fechou, ainda que tenha uma leve "valetinha" a se fechar.
E o engraçado é que se eu tivesse contado isso a alguém na época, com tantos detalhes, iam dizer:
_ Nossa, você tem que ser mais positiva, mais otimista!
Na verdade as pessoas querem ouvir o que elas querem.
A realidade era dura, não era nada fácil o momento que eu passava, mas quando me perguntavam... estava sempre tudo bem!
Eu até brincava, bem, bem "fudida"!
Embora eu tenha passado por tudo isso, eu relamente me sentia bem, a cabeça estava e está bem (bem 100% nunca foi né, quem me conhece sabe, rsrs).
Queria muito postar aqui as fotos da época, mas não sei se devo. Queria postá-las com o intuito informativo e não especulativo e isso é muito difícil de se controlar.
Ainda bem que tudo isso é passado!
Vamos viver o presente!
Abraços,
Thaís
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