quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Reflexões

Há muitas lições que se pode tirar de uma "surpresa" como o câncer. A primeira delas é aprender a encarar a doença de frente, sem fantasias, entendendo os limites que a ciência expõe e os limites do nosso prórpio organismo.
A outra, dentres tantas demais, é a de compartilhas histórias, vidas, com os demais pacientes, alguns que já passaram por mais cirurgias que a quantidade de dias num mês. E olha que são tantas histórias...
Há alguns que evitam contar o final, pois evitam falar na morte, afinal lá é um campo de batalha pela vida!
Eu como sou uma pessoa que quase não falo, imaginem... quantas pessoas não conheci, todo dia que vou lá no hospital reencontro alguém com quem já conversei ou na sala de exames, ou na espera da consulta, ou no corredor, na lanchonete, seja onde for o que fiz muito nesse período todo foi conhecer pessoas.
E isso faz um bem danado!
Claro que sempre tem algumas desanimadas, que só se queixam, mas aí tentava mostrar sempre o lado bom da história, e quando não dava, mudava de assunto... ou de cadeira!
Há histórias de mães que abrem mão de tudo pelos filhos, histórias que emocionam, são mulheres guerreiras, medalhas de ouro, cujas histórias jamais foram publicadas, mas que mereciam.
Aprendi também que muita gente oferece ajuda, mas que na hora que você precisa, essa ajuda não era de verdade, era só por educação, sabe aquela coisa que as pessoas falam sem saber exatamente se é aquilo mesmo que querem, pois é acontece. Então você passa a ter a certeza de que tudo depende de você, única e exclusivamente de você.
Passei pela fase de muito choro, como cheguei a comentar aqui, mas agora, vou falar a verdade é difícil me fazer chorar, creio que estou mais dura, não pela doença em si, mas sim por todas dificuldades pelas quais passei e ainda passo em minha vida, coisas do tipo ficar sem empregada e não ter com quem deixar seu filho e assim deixar de ir ao hospital, de ver seu braço inchado e não ter o que fazer pois eu filho depende de você e mesmo não podendo, ter de pegá-lo no colo.
Isso tudo nos dá a certeza de que se vc não se mantiver firme e forte, tudo isso, todas essas situações coadjuvantes à doença te derrubam.
Ontem fui ao hospital e tive de levar meu filho menor de 1 anos e 4 meses junto, o mais velho ficou na escola apesar de sua aula ter terminado, por aí vocês imaginam quantas coisas não passamos para poder vencer essa batalha.
E assim vamos seguindo...
E como eu disse, o lado bom disso tudo é que estou aprendendo, aprendendo muito!

Um comentário:

Leticia Korndorfer disse...

golA31oi querida!! eu acho que tu estas é ficando louca...rsrsrsr... menina consegue mais uma empregada!! Tu sabes que não pode ficar pegando peso!! Tu é uma heroína, todos reconhecem. Mas por favor não enlouqueça!!! Chegou aqui em Angola, aquela esposa do engenheiro, que também fez a cirugia lá em Curitiba. Ela me explicou em detalhes como funcionada e tenho certeza ABSOLUTA que tu não pode ficar carregando teus filhos para lá e para cá!! JUÌZO!!!! Te admiro pela tua responsabilidade, não pelas tuas loucuras!! Saudades!!!